Família Leão
Brasão dos Leão
Leão-Casa Real
História
Ocupado sucessivamente pelos Vetões, Romanos, Visigodos e Mouros, Leão foi conquistado a estes últimos pelos reis de Oviedo ou das Astúrias, sucessores de Pelágio. Em 913, Ordonho II fundou com o nome de Leão e Astúrias, um reino que, além destas duas regiões, compreendia também a Galiza e estendia a sua suserania às províncias bascas e a parte do condado de Castela.
Nove reis sucederam a Ordonho II mas Bernudo III, que morreu em 1037 num combate contra Fernando I, rei de Castela, permitiu que este último reunisse o reino de Leão ao de Castela.
Com a morte de Fernando I (1065), o reino de Leão foi novamente separado a favor de seu terceiro filho, Afonso VI. No entanto, em 1071, Sancho II, irmão de Afonso VI, que reinava em Castela, destronou o irmão e reuniu de novo os dois estados. Mas Afonso VI não se deu por vencido e não só reconquistou o seu reino no ano seguinte como destronou o irmão, voltando a reunir os dois reinos sob o seu ceptro.
Depois da morte de Afonso VIII, rei de Castela e Leão em 1158, o reino de Leão voltou a ser separado de Castela. Seu tio Fernando II e o filho deste, Afonso IX, reinaram sucessivamente mas Fernando III, filho de Afonso IX que, por sua mãe, era já rei de Castela desde 1217, torna-se rei de Leão com a morte de seu pai em 1230.
A partir de então, os dois reinos ficaram definitivamente unidos e os futuros reis usarão apenas o título de rei de Castela, apesar da sua varonia (da casa de Borgonha) ser a dos reis de Leão.
Fonte: © 2000-2004 Guarda-Mor, Edição de Publicações Multimédia Lda.
As Raízes Judaicas da Família Leão
Milhares de portugueses de origem judaica foram forçados a se converterem ao catolicismo no final do século XV, como forma de evitar a expulsão decretada em 1496. Os que não quiseram aceitar o batismo, mudaram-se para outros países, tais como Marrocos, Holanda, Turquia, onde o Estado não interferia no direito individual a uma crença. Os que não tinham recursos para tal, já bastantes arraigados no país, uma vez batizados, ousavam, a princípio, a manter uma vida religiosa dupla: professavam o catolicismo publicamente e o judaísmo na privacidade de seus lares. Porém, a situação tornou-se insustentável com a atuação rigorosa do Santo Ofício. Ao serem descobertos e denunciados, tais conversos, chamados cristãos-novos, eram processados e condenados pela Inquisição, e com muita freqüência a sentença prolatada era a de morte na fogueira. A par dessa extrema condenação, existiam ainda penas de perdimento de bens, multas, cárcere, uso de sambenito (roupa especial e vexaminosa), açoites, etc. Por outro lado, o povo, incitado por elementos mais exaltados e baderneiros, promovia linchamentos e saques. Portanto, os cristãos-novos viviam atemorizados pela incerteza que pairava sobre suas vidas. Grande contigente passou a procurar todas as formas de apagar suas origens, tornando-se católicos praticantes e buscando uniões nupciais com pessoas consideradas cristãs-velhas. Mesmo esse expediente não era eficaz, pois a ordem legal da época considerava suspeitos mesmo aqueles já estivessem na quarta ou quinta geração de um israelita.
Com as grandes descobertas marítimas, as novas colônias representavam a esperança de milhares de cristãos-novos levarem um vida longe das ameaças do Reino...
De fato, estima-se que, somente durante o chamado ciclo do ouro, cerca de 800 mil portugueses vieram para o Brasil, sendo certo que entre eles encontravam-se milhares de cristãos-novos. Estes, ao chegarem ao Brasil, já não traziam consigo a tradição e costumes judaicos, apenas uma distante e indesejável memória. A Inquisição, mesmo com menor intensidade, atuou no Brasil Colonial, fazendo extraditar para Portugal dezenas de cristãos-novos para serem processados e julgados. Isso cooperou para que, no Novo Mundo, os conversos e seus descendentes, sob novas influências e ainda sob a constante ameaça do Santo Ofício, fossem assumindo uma identidade brasileira, resultante de muita miscigenação e sincretismo religioso, tendo como conseqüência o desaparecimento quase total de qualquer ligação com a remota origem judaica.
Segundo os historiadores, esses judeus de sobrenome Leão tinham esse nome de família ou por serem originários da cidade e província de León na Espanha, ou em alusão à tribo de Judá da qual seriam descendentes.
Leão eram originários da cidade do Porto, Portugal. A mesma é muito antiga naquela cidade.
No ano de 1386, vivia "contra a See da dicta çidade" um judeu chamado Junça de León, provavelmente originário da Espanha em razão da grafia de seu nome.
Na vereação do Município do Porto do ano de 1441, sessão de 4 de Julho, já aparecia um certo Afonso de Leão.
Em 1542, aparece um Rodrigo de Leão, alfaiate, proprietário na Rua das Flores, da parte de baixo, bem assim na Rua Nova da Fonte de S. Domingos, pagando foros ao Cabido da Sé. Certamente pessoa com posses, dado ter mais do que duas casas. Sua mulher Madalena Vaz e um filho, tinham uma casa em S. Pedro da Cova. Uma filha desse casal, Grácia de Leão, de 18 anos, nascida na cidade do Porto, já havia sido presa pela inquisição em 03-12-1541, acusada de judaísmo, apostasia e heresia. Foi condenada em 06-07-1542, mas absolvida pelo perdão geral concedido pelo Papa, aconselhando-a a confessar-se uma vez por ano e evitar conversas suspeitas.
Em 22.3.1546, foi ordenado o Cônego da Sé da Cidade do Porto, Cristóvão Leão, filho de Gonçalo Leão, morador na Rua das Flores. Eis um fac-simile de sua assinatura:
Aos 10-10-1572, na freguesia da Sé, Diogo de Leão e sua mulher Branca de Sousa, batizaram a filha Maria. Trata-se de um dos mais antigos registros católicos envolvendo pessoas de sobrenome Leão. Diogo de Leão também era cristão-novo, de alcunha "o Marquesota", nascido na cidade do Porto por volta de 1512, filho de Gabriel Rodrigues, ourives, e Maria de Leão. Foi preso pela inquisição aos 26-02-1598, acusado de judaísmo, heresia e apostasia. A sentença de 14-03-1599 determinou o "confisco de bens, abjuracão em forma de cárcere, hábito penitenciário perpétuo". Houve, no entanto, termo de soltura e segredo em 16-03-1599 e levantamento do cárcere e hábito penitencial em 19-07-1602.
No Quadro dos Mercadores que Manifestaram Maior Volume de Mercadoria na Alfândega do Porto no ano de 1591, aparece: Salvador Rodrigues Leão , mercador, cristão-novo. Produtos principais: panos diversos. Na listagem do ano anterior, ele aparecia como mercador de vinho.
Na lista de "Os mais Importantes Mercadores de Vinho" segundo os Livros da Imposição (1620-1640) aparece: Francisco da Rocha Leão residente na Rua Chã - Porto e era Cidadão da cidade do Porto. Esse mesmo Francisco da Rocha Leão aparece na vereação de 4ª feira, 7-8-1680.
Duarte Nunes Leão, escreveu em 1610 a Descripção do Reino de Portugal editado em Lisboa.
Em 1612, existia como Porteiro da Câmara: Mathias de Leão.
No ano de 1623, passou a cidadão da Cidade do Porto: Pero Leão, filho natural de Gaspar Leão, moço na Câmara de Sua Majestade.
De todos os nomes citados, o mais significativo no estudo da genealogia de minha avó, Anna Amélia de Mello, é o do Porteiro da Câmara, Mathias de Leão, por se tratar de seu mais remoto antepassado de sobrenome Leão até agora identificado.
Mathias de Leão deverá ter nascido por volta de 1572, estimando-se que o mesmo estivesse com cerca de 25 anos de idade por ocasião de seu casamento realizado em 1607, na freguesia de Nossa Senhora da Vitória, Porto:
"Aos 21 dias de outubro de 607 recebi na forma do Sagrado Concílio Tridentino por palavras de presente em face da Igreja a Maria Gls. com Mathias de Leão, pessoas que presentes estavam Antônio Mendes e Margarida Antônia e Manoel Ferreira e Francisco Gls e Bento Diz. e Antonia Diz. e outras pessoas que estavam presentes todos moradores Roxeais do Olival desta freguesia e Tome Duarte, meu criado"
O assento não registrou os nomes dos pais de Mathias de Leão, deixando lacuna a ser preenchida em pesquisas futuras.
Foi encontrado assento de batismo de apenas um filho, Antônio, também realizado na Freguesia de N. S. da Vitória, no Porto:
"Antonio, filho de Mathias de Leão e de sua mulher Maria Gonçalves da rua das Carpas desta freguesia, nasceu em 16 de agosto de 1611, foi batizado aos vinte de agosto do mesmo de seiscentos e onze foram padrinhos Antonio Gomes, mercador, em casa do doutor Lopo Dias, por ser seu neto, e Maria Antonio mulher de Manoel Pinto e eu Bartholomeu de Sousa batizei"
Nesse assento aparece o nome do Doutor Lopo Dias, na casa de quem se realizou o batizado de Antônio "por ser seu neto". A ligação com Lopo Dias é importante para definir a origem judaica da família Leão, como se passa a desmonstrar.
Como já se mencionou acima, em 1496, foi realizado o batismo em massa dos judeus que quisessem permanecer em Portugal. Um dos raros documentos referente a esse evento foi comentado e publicado por Luís Bivar Guerra, genealogista português, sob o título "Um Caderno de Cristãos Novos de Barcelos".
Mencionam-se na obra vários chefes de família e seus agregados com os nomes cristãos que receberam ao serem batizados. A obra é importantíssima para os genealogistas, sempre ávidos por novas fontes de pesquisas, dada a possibilidade, quase impensável antes, de se identificar os nomes hebraicos originais de alguns antepassados. No entanto, Barcelos era uma pequena vila, de sorte que essa amostragem de nomes é insignificante perante o universo de judeus que foram batizados àquela época.
Antônio de Leão, cujo batismo se realizara "em casa do doutor Lopo Dias, por ser seu neto", era trineto de Isaac Rua e Velida. Maria Gonçalves, mãe de Antônio de Leão, seria, então, filha do doutor Lopo Dias. Já o pai, Mathias de Leão, ao que tudo indica, seria tio do padrinho, Antônio Gomes, nascido em 1590, filho de seu irmão Luís Gomes de Leão, um cristão-novo marido de Maria da Paz, provável parenta do doutor Lopo Dias. Uma pista nesse sentido é o fato de Luís Gomes de Leão e Maria da Paz terem tido um filha a quem deram o mesmo nome da esposa de Lopo Dias, ou seja, Inês Henriques. A filha de Luís Gomes de Leão também foi processada pela Inquisição acusada de judaísmo.
Luís Gomes de Leão foi qualificado como cristão-novo num raro registro católico de 1591:
"Em sete dias do mês de novembro de quinhentos e noventa e um anos, batizei a Francisco, filho de Francisco Fernandes, tanoeiro, e Isabel Duarte sua mulher, foram padrinhos Luís Gomes de Leão (cristão-novo) e comadre Ana André, mulher de Manoel Luís, barbeiro / Isabel Jorge [parteira]"
Apesar de notório cristão-novo, não se encontrou processo da Inquisição contra Luís Gomes de Leão.
Antônio de Leão, trineto de Isaac Rua, casou-se, criou seus filhos e faleceu na cidade do Porto, especificamente na rua das Congostas, antiga viela do centro da cidade, onde se aglomeravam as "boticas" dos judeus. Não se encontraram indícios que ele tenha sido importunado pelo Santo Ofício.
Antônio de Leão, estabeleceu-se com o ofício de sapateiro, já casado com Maria Alves. O filho, Domingos de Leão, nasceu naquela rua, conforme consta no assento de batismo:
"Aos 9 dias do mês de abril de 1645, batizou o padre Francisco Pereira a Domingos, filho de Antônio de Leão e de sua mulher Maria Alves, moradores na rua das Congostas e foi padrinho Ascêncio Dias morador na dita rua e Pantaleão Rebello abade desta Santa Sé, fiz este assento que assino, Pantaleão Rebello"
Domingos de Leão casou-se na freguesia de Campanhã, Bispado do Porto, com Páschoa Luis aos 7 de dezembro de 1679:
"Domingos de Leão e Páschoa Luis, ele filho de Antônio de Leão e de sua mulher Maria Alves, defuntos, moradores na cidade do Porto, rua das Congotas e ela filha de Bartholomeu Gonçalves, defunto, e de sua mulher Anna Luis, desta freguesia, dispensados em parentesco de afinidade em 4º grau. Feitas todas diligências sem impendimento, se receberam nesta Igreja com minha presença e testemunhas Capitão João Aranha Coutinho, o reverendo Paulo Vieira Aranha, Paulo Vieira Sobrinho, moradores na Freguesia de Bomjoin, todos desta freguesia, die 7 de dezembro de 1679"
Em setembro de 1680, nasceu o filho do casal João da Silva Leão:
"João, filho de Domingos Leão e de sua mulher Páschoa Luis, moradores em Bomjoins, batizei eu Francisco Fernandes, foi padrinho Paulo Vieira Aranha, solteiro, filho de Manoel Aranha, morador em Sao Miguel de Matos de cima do Douro e por verdade fiz este assento que assinei aos 15 de setembro de 1680."
Domingos de Leão faleceu na freguesia de Campanhã em 1700. Ao que tudo indica, João da Silva Leão embarcou para o Rio de Janeiro pouco depois da morte de seu pai. Em 1716, ele já se casava na Igreja da Candelária. Por essa época, no Rio de Janeiro, viviam-se momentos de grande apreensão para pessoas de origem cristã-nova. A Inquisição, implacável, mandava prender e extraditar pessoas acusadas de judaísmo. Por volta de 1715, embarcaram-se para Lisboa cerca de noventa pessoas, sendo que a maior parte delas veio a ser julgada, condenada e executada pelo Santo Ofício. Entre essas pessoas, encontravam-se os parentes do mais famoso brasileiro queimado em suas fogueiras, Antônio José da Silva, de alcunha "o Judeu", que já vivia em Lisboa onde, jovem ainda, fazia sucesso com suas óperas co foco de atenção do Santo Ofício, livrando-se de eventual acusação. Portanto, mal acabaram-se as comemorações das bodas e os recém-casados, João da Silva Leão e Ignácia da Rosa Vieira, tomaram o rumo das Minas Gerais. Não foi possível precisar a data em que eles deixaram o Rio de Janeiro. Em Minas Gerais, dentre outros filhos, nasceu a sua filha Violante do Sacramento, que se casaria com João Antônio da Silva e seriam os pais do Capitão Joaquim da Silva Leão.
Joaquim da Silva Leão casou-se com Mariana Francisca da Silveira aos 22 de julho de 1786 na Freguesia de São João Batista, Vila de São José (Tiradentes), Minas Gerais. Entre outros filhos, o casal teve Severiano Antônio da Silveira Leão nascido aos 25 de janeiro de 1790. Severiano, a exemplo de vários outros parentes tanto do lado paterno, como da lado materno, foi "eleito" para ser o padre da família. De fato, foi para o Seminário em Mariana, recebendo as ordens sacerdotais aos 20 de maio de 1815. Foi vigário de várias paróquias e fazendeiro. Faleceu aos 29 de outubro de 1866, deixando testamento. Nesse documento, reconheceu vários filhos naturais, os quais fez herdeiros de seus bens, sem mencionar, contudoômicas. É de admitir-se que pessoas que se sabiam descendentes de judeus, àquela época, procurassem se afastar d, o nome da mulher que os gerou.
Severiano Antônio da Silveira Leão foi o trisavô de minha avó Ana Amélia de Mello (1906-1992) e último antepassado a usar o sobrenome Leão. No que se refere à origem judaica, restou apenas uma pálida memória transmitida oralmente na família, cujos detalhes tenho me empenhado em resgatar.
Fonte: Escritos retirados do site: http://www.geocities.com/heartland/1074/leam3.htm